Tecnologia na Sala de Aula: Aliada ou Adversária da Aprendizagem?
Postado em 04/09/2023
Num cenário onde a tecnologia desempenha um papel cada vez mais central em nossa sociedade, é evidente que a educação deve acompanhar essa evolução. No entanto, frequentemente, observamos uma relutância por parte do sistema educacional em adotar ferramentas tecnológicas, o que pode se tornar ineficiente diante das necessidades dos alunos e das exigências do mundo em constante mudança.
A inserção de tecnologia na educação, levanta dúvidas legítimas sobre a possível substituição de brinquedos e experiências corporais e sociais que são essenciais para um desenvolvimento saudável das crianças. É inegável que a infância é um período crucial para vivenciar interações físicas, explorar a natureza, se sujar de terra, brincar e conhecer ao seu redor de forma tangível.
É indiscutível que essas experiências são fundamentais para o desenvolvimento emocional e físico, permitindo-lhes vivenciarem sensações e emoções únicas que nenhum dispositivo eletrônico jamais será capaz de proporcionar. Entretanto, é vital compreender que a tecnologia não precisa ser vista como uma ameaça ao crescimento da criança, e sim uma ferramenta que pode ser utilizada de forma responsável para enriquecer suas experiências educacionais.
Recentemente, a professora de Educação Física do colégio EMEF Nelci Tobias Oedmann (Ajuricaba-RS), Mara Marilaine Bertollo Zangirolami, compartilhou conosco a sua experiência com as aulas de robótica, reconhecendo inicialmente sua resistência em adentrar esse mundo tecnológico. "Em um primeiro momento, havia preocupação de que a presença de equipamentos tecnológicos na escola pudesse agravar problemas como desatenção, inquietude, falta de foco, egoísmo, autoafirmação e falta de autonomia, questões que já eram desafiadoras no âmbito educacional e que se intensificaram após a pandemia. Preocupações sobre o excesso de telas também eram notáveis, com muitos alunos aparentemente perdendo a habilidade de brincar com seus brinquedos ou demonstrando dificuldades em interagir com outras crianças".
"[...] Através das aulas de robótica, notou-se como os avanços tecnológicos estão ao alcance das mãos oferecendo suporte valioso à educação. O Lego, material utilizado pela Robomind, é um exemplo prático de um brinquedo que desperta a criatividade, imaginação e habilidades motoras. Além disso, os estudantes também aprendem algo imprescindível: trabalhar em equipe com seus colegas. Essa tarefa tende a ser complicado para algumas crianças, mas é necessário para o desenvolvimento de maturidade, da argumentação, liderança, respeito e empatia. O sucesso na montagem de um robô se torna uma conquista coletiva, ensinando que os objetivos podem ser alcançados através do esforço conjunto. Da mesma forma, os desafios que surgem durante o processo de construção proporcionam oportunidades de aprendizado e resiliência".
Atualmente, a professora Mara, se mostra entusiasmada com as habilidades que as aulas de robótica, se bem planejadas, ministradas e executadas, podem oferecer. "As atividades são cuidadosamente projetadas para promover a concentração, o foco e a atenção, enquanto desenvolvem a coordenação motora fina em cada encaixe de peça, bem como o raciocínio necessário para que a programação funcione e a montagem ganhe vida!". Embora ainda haja a preocupação sobre o uso excessivo de telas que substituam o convívio entre as crianças, sua experiência com a robótica, trouxe a certeza de que a tecnologia pode ser uma aliada na construção de um mundo melhor, incentivando a criação de novas ferramentas que auxiliem na resolução de problemas.
No entanto, o desafio reside em encontrar um equilíbrio entre o uso das ferramentas digitais e as experiências do mundo real. As crianças e adolescentes devem brincar, se sujar, se frustrar, experimentar a liberdade de pensar, expressar, criar e resolver conflitos. Mas também podemos aproveitar os recursos tecnológicos para tornar o processo educacional mais dinâmico, envolvente e adaptado às demandas do século XXI. Em resumo, a chave está em reconhecer que o mundo digital e o mundo analógico podem coexistir harmoniosamente na educação, desde que sejam utilizados de maneira equilibrada e consciente, sempre com o objetivo de proporcionar um desenvolvimento completo e enriquecedor para os estudantes. A educação do futuro será moldada pela habilidade de integrar as lições do passado com as oportunidades do presente, preparando os alunos para liderar na era da evolução tecnológica que faz parte do nosso cotidiano.